DISCALCULIA
:DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM NA MATEMÁTICA
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A MATEMÁTICA
PARA ALGUMAS CRIANÇAS AINDA É UM BICHO DE SETE CABEÇAS. MUITOS NÃO COMPREENDEM
OS PROBLEMAS QUE A PROFESSORA PASSA NO QUADRO E FICAM MUITO TEMPO TENTANDO
ENTENDER SE É PARA SOMAR, DIMINUIR OU MULTIPLICAR; NÃO SABEM NEM O QUE O
PROBLEMA ESTÁ PEDINDO.
Alguns, em particular, não entendem os sinais, muito menos as
expressões. Contas? Só nos dedos e olhe lá.
Em muitos casos o problema não está na criança, mas
no professor que elabora problemas com enunciados inadequados para a idade
cognitiva da criança.
NO ENTANTO, EM OUTROS CASOS A DIFICULDADE PODE SER
REALMENTE DA CRIANÇA E TRATA-SE DE UM DISTÚRBIO E NÃO DE PREGUIÇA COMO PENSAM
MUITOS PAIS E PROFESSORES DESINFORMADOS.
EM GERAL, A DIFICULDADE EM APRENDER
MATEMÁTICA PODE TER VÁRIAS CAUSAS.
DE ACORDO COM JOHNSON E MYKLEBUST, TERAPEUTAS DE
CRIANÇAS COM DESORDENS E FRACASSOS EM ARITMÉTICA, EXISTEM ALGUNS DISTÚRBIOS QUE
PODERIAM INTERFERIR NESTA APRENDIZAGEM:
DISTÚRBIOS DE MEMÓRIA AUDITIVA:
- A criança não consegue ouvir os enunciados que
lhes são passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto
lhe incapacitaria para resolver os problemas matemáticos.
- Problemas de reorganização auditiva: a criança
reconhece o número quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar do número com
rapidez.
DISTÚRBIOS DE LEITURA:
- Os dislexos e outras crianças com distúrbios de
leitura apresentam dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer
cálculos quando o problema é lido em voz alta. É bom lembrar que os dislexos
podem ser excelentes matemáticos, tendo habilidade de visualização em três
dimensões, que as ajudam a assimilar conceitos, podendo resolver cálculos
mentalmente mesmo sem decompor o cálculo. Podem apresentar dificuldade na
leitura do problema, mas não na interpretação.
DISTÚRBIOS DE PERCEPÇÃO VISUAL
A criança
pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2 por 5 por exemplo. Por não conseguirem se
lembrar da aparência , elas têm dificuldade em realizar cálculos.
DISTÚRBIOS DE ESCRITA:
- Crianças com disgrafia têm dificuldade de
escrever letras e números.
ESTES PROBLEMAS DIFICULTAM A APRENDIZAGEM
DA MATEMÁTICA, MAS A DISCALCULIA IMPEDE A CRIANÇA DE COMPREENDER OS PROCESSOS
MATEMÁTICOS.
A discalculia é um dos transtornos de aprendizagem
que causa a dificuldade na matemática. Este transtorno não é causado por
deficiência mental, nem por déficits visuais ou auditivos, nem por má
escolarização, por isso é importante não confundir a discalculia com os fatores
citados acima.
O portador de discalculia comete erros diversos na
solução de problemas verbais, nas habilidades de contagem, nas habilidades
computacionais, na compreensão dos números.
KOCS (APUD GARCÍA, 1998) CLASSIFICOU A DISCALCULIA EM SEIS SUBTIPOS,
PODENDO OCORRER EM COMBINAÇÕES DIFERENTES E COM OUTROS TRANSTORNOS:
DISCALCULIA VERBAL - dificuldade para nomear as quantidades matemáticas, os números, os
termos, os símbolos e as relações.
DISCALCULIA PRACTOGNÓSTICA - dificuldade para enumerar, comparar e manipular objetos reais ou em
imagens matematicamente.
DISCALCULIA LÉXICA - Dificuldades na leitura de símbolos matemáticos.
DISCALCULIA GRÁFICA - Dificuldades na escrita de símbolos matemáticos.
DISCALCULIA IDEOGNÓSTICA – Dificuldades em fazer operações mentais e na compreensão de conceitos
matemáticos.
DISCALCULIA OPERACIONAL - Dificuldades na execução de operações e cálculos numéricos.
NA ÁREA DA NEUROPSICOLOGIA
AS ÁREAS AFETADAS SÃO:
De acordo com Johnson e Myklebust a criança com
discalculia é incapaz de:
- Visualizar conjuntos de objetos dentro de um
conjunto maior;
- Conservar a quantidade: não compreendem que 1
quilo é igual a quatro pacotes de 250 gramas.
- Seqüenciar números: o que vem antes do 11 e
depois do 15 – antecessor e sucessor.
- Classificar números.
- Compreender os sinais +, - , ÷, ×.
- Montar operações.
- Entender os princípios de medida.
- Lembrar as seqüências dos passos para realizar as
operações matemáticas.
- Estabelecer correspondência um a um: não
relaciona o número de alunos de uma sala à quantidade de carteiras.
- Contar através dos cardinais e ordinais.
OS PROCESSOS COGNITIVOS ENVOLVIDOS NA DISCALCULIA
SÃO:
1. Dificuldade na memória de trabalho;
2. Dificuldade de memória em tarefas não-verbais;
3. Dificuldade na soletração de não-palavras
(tarefas de escrita);
4. Não há problemas fonológicos;
5. Dificuldade na memória de trabalho que implica
contagem;
6. Dificuldade nas habilidades visuo-espaciais;
7. Dificuldade nas habilidades psicomotoras e
perceptivo-táteis.
De acordo com o DSM-IV, o Transtorno da Matemática
caracteriza-se da seguinte forma:
A capacidade matemática para a realização de
operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se
substancialmente inferior à média esperada para a idade cronológica, capacidade
intelectual e nível de escolaridade do indivíduo.
As dificuldades da capacidade matemática
apresentadas pelo indivíduo trazem prejuízos significativos em tarefas da vida
diária que exigem tal habilidade.
Em caso de presença de algum déficit sensorial, as
dificuldades matemáticas excedem aquelas geralmente a este associadas.
DIVERSAS HABILIDADES PODEM ESTAR
PREJUDICADAS NESSE TRANSTORNO:
como as habilidades
lingüisticas (compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos
matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos),
perceptuais (reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou
agrupamento de objetos em conjuntos), de atenção (copiar números ou cifras,
observar sinais de operação), e matemáticas (dar seqüência a etapas
matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação).
Quais os comprometimentos?
Organização espacial;
Auto-estima;
Orientação temporal;
Memória;
Habilidades sociais;
Habilidades grafomotoras;
Linguagem/leitura;
Impulsividade;
Inconsistência (memorização).
AJUDA DO PROFESSOR:
O ALUNO DEVE
TER UM ATENDIMENTO INDIVIDUALIZADO POR PARTE DO PROFESSOR QUE DEVE EVITAR:
- Ressaltar as dificuldades do aluno,
diferenciando-o dos demais;
- Mostrar impaciência com a dificuldade expressada
pela criança ou interrompê-la várias vezes ou mesmo tentar adivinhar o que ela
quer dizer completando sua fala;
- Corrigir o aluno freqüentemente diante da turma,
para não o expor;
- Ignorar a criança em sua dificuldade.
DICAS PARA O PROFESSOR:
·
Não force o aluno a fazer as lições quando estiver nervoso por não ter
conseguido;
·
Explique a ele suas dificuldades e diga que está ali para ajudá-lo sempre que
precisar;
·
Proponha jogos na sala;
·
Não corrija as lições com canetas vermelhas ou lápis;
·
Procure usar situações concretas, nos problemas.
AJUDA DO PROFISSIONAL:
Um psicopedagogo pode ajudar a elevar sua auto-estima valorizando suas atividades,
descobrindo qual o seu processo de aprendizagem através de instrumentos que
ajudarão em seu entendimento
Os jogos
irão ajudar na seriação, classificação, habilidades psicomotoras, habilidades
espaciais, contagem.
Recomenda-se pelo menos três sessões semanais.
O uso do computador é bastante útil, por se tratar de um objeto de interesse da criança.
O neurologista irá confirmar, através de
exames apropriados, a dificuldade específica e encaminhar para tratamento.
Um neuropsicologista também é importante para
detectar as áreas do cérebro afetadas.
( O
psicopedagogo, se procurado antes, pode solicitar os exames e avaliação
neurológica ou neuropsicológica.)
O QUE OCORRE COM CRIANÇAS QUE NÃO SÃO TRATADAS
PRECOCEMENTE?
Comprometimento do desenvolvimento escolar de forma
global
O aluno fica inseguro e com medo de novas situações
Baixa auto-estima devido a críticas e punições de
pais e colegas
Ao crescer o adolescente / adulto com discalculia
apresenta dificuldade em utilizar a matemática no seu cotidiano.
QUAL A DIFERENÇA? ACALCULIA E
DISCALCULIA.
A discalculia já foi relatada acima.
A acalculia ocorre quando
o indivíduo, após sofrer lesão cerebral, como um acidente vascular cerebral ou
um traumatismo crânio-encefálico, perde as habilidades matemáticas já
adquiridas. A perda ocorre em níveis variados para realização de cálculos
matemáticos.
CUIDADO!
AS
CRIANÇAS, DEVIDO A UMA SÉRIE DE FATORES, TENDEM A NÃO GOSTAR DA MATEMÁTICA,
ACHAR CHATA, DIFÍCIL. VERIFIQUE SE NÃO É UMA INADAPTAÇÃO AO ENSINO DA ESCOLA,
OU AO PROFESSOR QUE PODE ESTAR CAUSANDO ESTE MAL ESTAR. SE SUA CRIANÇA É
SAUDÁVEL E ESTÁ SE DESENVOLVENDO NORMALMENTE EM OUTRAS DISCIPLINAS NÃO SE
DESESPERE, MAS É IMPORTANTE PROCURAR UM PSICOPEDAGOGO PARA UMA AVALIAÇÃO.
MUITAS
CONFUNDEM INCLUSIVE MAIOR-MENOR, MAIS-MENOS, IGUAL-DIFERENTE, ACARRETANDO ERROS
QUE PODERÃO SER MELHORADOS COM A AJUDA DE UM PROFESSOR MAIS ATENTO.
Bibliografia:
CARRAHER, Terezinha Nunes (Org.). Aprender
Pensando. Petrópolis, Vozes, 2002.
GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de
Aprendizagem. Porto Alegre, ArtMed, 1998.
JOSÉ, Elisabete da Assunção, Coelho, Maria Teresa.
Problemas de aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002.
RISÉRIO, Taya Soledad. Definição dos transtornos de
aprendizagem. Programa de (re) habilitação cognitiva e novas tecnologias da
inteligência. 2003.
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